quinta-feira, 26 de abril de 2018

Como avaliar se uma criança ou adolescente pode cometer suicídio?


A avaliação clínica do risco de suicídio considera a existência de ideias suicidas, planos explícitos de autolesão e uma história de incidentes passados.

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A avaliação do risco de suicídio envolve uma indagação sistemática sobre a presença de ideias suicidas, se a pessoa possui planos explícitos de autolesão (machucar a si mesmo) e uma história detalhada de incidentes passados ​​de autolesões. No cenário clínico, a avaliação do risco de suicídio é realizada por meio de uma entrevista cuidadosa com a criança, com o adolescente e com os pais, separadamente e em conjunto. As questões abordadas pelo profissional de saúde, preferencialmente um psiquiatra, podem revelar ideias ou comportamentos suicidas da criança ou do adolescente que os pais, familiares e amigos não tinham conhecimento. Para entender o motivo da tentativa de suicídio, é importante compreender o contexto interpessoal e afetivo da tentativa, bem como o estilo juvenil de relacionamentos interpessoais e regulação emocional. Embora cerca de metade dos adolescentes que tentaram suicídio adotem o desejo de morrer como uma forma de  aliviar um estado mental insuportável, muitos pensam em suicídio para fazer as pessoas entenderem o quanto estão sofrendo ou para comunicar que estão desesperados ou mesmo para saber o quanto são amados. Tendo estabelecido a presença de comportamento suicida significativo, o profissional de saúde avaliará os fatores psicopatológicos, familiares e sociais relacionados a tentativa de suicídio do jovem, bem como a gravidade da situação. Os fatores de risco mais importantes para suicídio são a presença de transtorno de humor, ansiedade crônica, transtorno de conduta e abuso de substâncias psicoativas (drogas). O risco de uma tentativa de suicídio aumenta com a quantidade de transtornos psicológicos que a criança ou o adolescente tenha. O impacto desses fatores de risco varia de acordo com o gênero (sexo). Para os meninos, o risco de suicídio é maior quando possuem depressão, usam drogas e possuem comportamento antissocial. Em contraste, para as meninas, a depressão é o fator de risco mais importante, seguido do histórico de uma tentativa de suicídio anterior e comportamento antissocial. Em adolescentes mais velhos a esquizofrenia e o transtorno bipolar são fatores de risco para o suicídio. Outras situações como bullying, história de violência sexual, limitação física e preconceito quanto à orientação sexual também contribuem para o surgimento do desejo de morrer.  Características psicológicas como desesperança, falta de sentido na vida, capacidade limitada para expressar as emoções em palavras, dificuldades de lidar com problemas, impulsividade e poucas habilidades sociais são fatores de risco importantes cuja presença deve ser avaliada, pois fornecem informações para intervenção clínica e adoção de medidas preventivas. Tendo avaliado o estado geral da criança ou do adolescente, o profissional de saúde indicará a conduta terapêutica mais adequada para o caso.

Referências:

Access Medicine. King, R.A.  Suicidal behavior in children and adolescents. In: Ebert, M.H. et al. eds. Current diagnosis & treatment: psychiatry. 2ed. New York: McGraw-Hill; 2008. Disponível em: http://psbe.ufrn.br/index.php . Acesso em: 26 jul. 2017.

Baume, P., Cantor, C.H. Rolfe, A. Cybersuicide: the role of interactive suicide notes on the Internet. Crisis, v.18, n.2, p.73-79, 1997.

Russel, S.T., Joyner, K. Adolescent sexual orientation and suicide risk: evidence from a national study. American Journal of Public Health, v. 91, n.8, p.1276-81, 2001.

Autor do resumo: Claudio Vinicius de Assis Rondado
Revisores do resumo: Prof. Dr. Fabio Carmona, Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão, Dr. Mateus Angelucci

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