O canabidiol pode ser recomendado para tratar convulsões associadas à síndrome de Lennox-Gastaut, síndrome de Dravet e complexo da esclerose tuberosa.
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A planta cannabis (popularmente conhecida como maconha) possui diversos compostos chamados de canabinoides. Os canabinoides mais conhecidos são o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O canabidiol pode ser recomendado para tratar convulsões associadas à síndrome de Lennox-Gastaut, síndrome de Dravet ou complexo da esclerose tuberosa. Além do canabidiol, outros canabinoides têm potenciais efeitos farmacológicos. O dronabinol (semelhante ao THC) pode ser utilizado para náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia ou para anorexia (perda do apetite) em pacientes com AIDS (síndrome da imunodeficiência humana causada pelo vírus do HIV). Pacientes com dor persistente (principalmente a chamada dor neuropática) podem se beneficiar do uso de canabinoides e cannabis medicinal (fumada ou ingerida) para alívio da dor, melhora do funcionamento físico e melhora da qualidade do sono. Pacientes com câncer avançado que apresentam dor que não respondeu bem a outras medicações também podem testar o uso de medicamentos canabinoides e cannabis medicinal. Por outro lado, o uso dos canabinoides podem possuir efeitos colaterais como sonolência, cansaço, tontura, boca seca, vômitos, diarreia, diminuição do apetite, confusão, desmaios, mudança de humor, alucinações e sintomas de abstinência após interrupção repentina do uso. Os estudos sobre o uso da maioria dos canabinoides ainda são limitados (poucos estudos e de baixa qualidade) e conflitantes (alguns estudos observaram benefícios, enquanto outros estudos não encontraram benefícios). O uso de canabinoides ainda está sendo estudado para diversas patologias, como o transtorno do espectro autista (TEA). Ainda são necessários mais estudos para se conhecer realmente todos os benefícios e riscos relacionados ao uso da cannabis e seus derivados. A segurança e os efeitos adversos a longo prazo com o uso dos medicamentos canabinoides não são totalmente conhecidos. Existem preocupações significativas em relação aos potenciais efeitos negativos do uso a longo prazo da cannabis no desenvolvimento cerebral, função cognitiva e desempenho escolar. A permissão legal do uso de cannabis para fins médicos varia de acordo com cada país. No Brasil, cada vez mais há uma disponibilidade de produtos canabinoides aprovados pela Anvisa. Os canabinoides atualmente são reservados para quando as outras opções de tratamento já tiverem sido tentadas sem sucesso. O aconselhamento e acompanhamento médico é essencial para pacientes que desejam usar produtos derivados da cannabis. Não se recomenda iniciar ou parar o uso de canabinoides sem orientação médica. Deve-se ter cuidado ao se recomendar medicamentos canabinoides a pacientes com histórico de dependência química à cannabis e outras drogas. Se um paciente precisar parar o uso do canabidiol, a retirada normalmente é realizada aos poucos (reduzindo a dose lentamente), conforme a orientação médica.
Referências:
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UpToDate. Cannabis use: epidemiology, pharmacology, comorbidities, and adverse effects. Informação atualizada em 18 de abril de 2022. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 07 maio 2022.
UpToDate. Seizures and epilepsy in children: refractory seizures. Informação atualizada em 12 de abril de 2022. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 07 maio 2022.
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Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Anvisa aprova dois novos produtos à base de Cannabis. Ministério da Saúde, 15 abr. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-registra-dois-novos-produtos-a-base-de-cannabis. Acesso em: 7 maio 2022.
Autor do resumo:
Aluno Gustavo José Miranda da Cunha
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Revisor do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.