quinta-feira, 15 de abril de 2021

O que fazer quando a criança engole um objeto?

Objetos engolidos acidentalmente podem sair do organismo quando a criança evacua (faz cocô). Mas, a avaliação médica é necessária para garantir que não haja complicações.
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A maioria das ingestões de objetos estranhos ocorre em crianças com idades entre 6 meses e 3 anos. Alguns exemplos de corpos estranhos que costumam ser ingeridos por crianças são moedas, baterias, peças de brinquedos, ímãs, alfinetes, parafusos e ossos. Quando uma criança engole um corpo estranho, o objeto viaja pelo seu trato digestivo. O trato digestivo é composto pelo esôfago (tubo que vai da boca ao estômago), estômago e intestino (delgado e grosso). A maioria dos objetos engolidos passa por todo trato digestivo e deixa o corpo durante a evacuação (ao fazer cocô) sem causar problemas. Porém, alguns objetos engolidos podem causar problemas, por isso, a avaliação por um médico ou enfermeiro é importante. A avaliação médica foca na identificação e tratamento de casos que possuem risco de complicações (como perfuração ou obstrução), que dependem da localização e do tipo de corpo estranho. Muitas crianças que ingerem corpos estranhos são assintomáticas (não sentem nada). Quando há sintomas, pode ocorrer sensação de algo preso no peito, não querer comer, ter dificuldade para engolir, ficar babando ou apresentar sintomas respiratórios (como tosse, engasgo, dificuldade para respirar ou respiração com barulhos estranhos). Quando a criança é levada ao médico, exames de imagem (como raio-x) e endoscopia alta (exame no qual se coloca um tubo com câmera através do nariz ou boca da criança para procurar o objeto engolido) podem ser utilizados para visualizar onde o corpo estranho está localizado. Intervenções urgentes são indicadas quando se trata de um objeto perigoso (ímã forte, bateria ou pilha), pontiagudo (tem ponta que pode furar) ou longo (maior que 5 centímetros) ou quando o objeto obstrui o esôfago ou intestino. Nesses casos, os objetos podem ser retirados por meio da endoscopia alta. Por outro lado, em pacientes que não apresentam sintomas e que o objeto engolido não seja perigoso (como as moedas), pode-se apenas observar a criança, visto que a saída espontânea do objeto, ao evacuar, costuma ocorrer sem problemas. Quando o corpo estranho demora muito para sair do esôfago (mais de 1 dia) ou do estômago (mais de 4 semanas), a retirada por endoscopia também pode ser realizada. Os objetos que passaram além do duodeno proximal (porção do intestino depois do estômago) não são acessíveis por meio da endoscopia, mas a maioria irá passar por todo o intestino da criança até ser eliminado sem complicações. O progresso de objetos radiopacos (feitos de metais que podem ser vistos no raio-X, como as moedas) no trato gastrointestinal deve ser monitorado com radiografias de tempos em tempos (como uma vez todo dia) até sua saída quando a criança expeli-lo pelo cocô. É importante ficar atento para o surgimento de sintomas durante esse tempo (enquanto o objeto não sair), como febre, vômitos, dor na barriga e sangue nas fezes, pois podem indicar problemas, sendo que em alguns casos pode ser necessário a realização da retirada por meio de uma cirurgia.

Referências: 
UpToDate. Gilger, Mark A; Jain, Ajay K. Foreign bodies of the esophagus and gastrointestinal tract in children. Informação atualizada em: 10 dez. 2020. Disponível em: www.uptodate.com/contents/foreign-bodies-of-the-esophagus-and-gastrointestinal-tract-in-children. Acesso em: 10 abr. 2021.

UpToDate. Patient education: Swallowed objects. Disponível em: www.uptodate.com/contents/cerebral-palsy-the-basics. Acesso em: 11 abr. 2021.

Autor do resumo:
Gustavo José Miranda da Cunha

Revisor do resumo: 
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão



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