quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Qual é o tratamento para o Parkinson de início precoce?

O Parkinson de início precoce pode ser tratado com diversas medicações, como levodopa e agonista dopaminérgico. Se os sintomas persistirem, o tratamento cirúrgico pode ser considerado.
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O Parkinson de início precoce é caracterizado pelo parkinsonismo (lentificação dos movimentos associado a rigidez e/ou tremor de repouso) que surge antes dos 40 anos de idade. Apesar de ter origem muitas vezes genética, ainda não há terapias específicas, porém, estudos estão sendo realizados. O tratamento do Parkinson de início precoce objetiva o controle dos sintomas e uma melhora na qualidade de vida. Os medicamentos diferem em relação a potência, posologia (dose e frequência de tomadas) e efeitos colaterais. Quando o parkinsonismo interfere na função diária e na qualidade de vida do indivíduo, a terapia medicamentosa normalmente é indicada, iniciando muitas vezes com a levodopa ou com os agonistas dopaminérgicos. A levodopa é a droga mais eficaz no tratamento da doença de Parkinson. Cerca de 9 a cada 10 pacientes possuem uma boa resposta inicial com a utilização de levodopa. Porém, com o tempo, a utilização de levodopa pode gerar complicações como movimentos involuntários anormais e flutuações imprevisíveis no funcionamento motor. Pacientes jovens possuem maior probabilidade de serem afetados pelas complicações da levodopa. Nos pacientes jovens, muitas vezes pode ser iniciado outros medicamentos (como os agonistas dopaminérgicos) com o objetivo de controlar os sintomas e adiar a necessidade do uso da levodopa. Porém, é possível que o adiamento do início da levodopa não impeça necessariamente os surgimentos das complicações da levodopa. Além de menos potentes que a levodopa, os agonistas dopaminérgicos (como o pramipexol) podem causar efeitos colaterais como hipersexualidade (comportamento obsessivo em relação ao sexo), compulsão alimentar, compras compulsivas, vício em jogos e inchaço nas pernas. Pacientes que utilizam levodopa e apresentam complicações podem necessitar de alterações na dieta, ajuste na dose e na frequência deste medicamento. Diversas outras medicações podem ser utilizadas para controlar os sintomas que incomodam o paciente. Os movimentos involuntários anormais podem melhorar com o uso de anticolinérgicos, como a amantadina. As flutuações motoras podem ser controladas com o uso de inibidores da monoamina oxidase (como a selegilina), inibidor da catecol-O-metiltransferase (como o entacapona) e levodopa de liberação prolongada. A distonia pode se beneficiar da toxina botulínica, assim como de anticolinérgicos e benzodiazepínicos. Os tremores de repouso podem melhorar com o uso de levodopa, toxina botulínica e anticolinérgicos. Problemas de comportamentos ou psicose, como presença de alucinações ou delírios, podem ser tratados com o uso de quetiapina e clozapina. Pacientes que desenvolvem depressão ou ansiedade devem receber o tratamento adequado, podendo se beneficiar do uso de antidepressivos. Se apesar das medicações os sintomas persistirem exacerbados, o tratamento cirúrgico, como a estimulação cerebral profunda do núcleo subtalâmico ou globo pálido, pode ser considerado.

Referências: 

UpToDate. Bradykinetic movement disorders in children. Informação atualizada em 19 de agosto de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 15 dez. 2021.

Niemann, Nicki; Jankovic, Joseph. Juvenile parkinsonism: differential diagnosis, genetics, and treatment. Parkinsonism & Related Disorders, v. 67, p. 74-89, 2019. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1353802019302883. Acesso em: 15 dez. 2021.

Mehanna, Raja; Jankovic, Joseph. Young-onset Parkinson‘s disease: its unique features and their impact on quality of life. Parkinsonism & Related Disorders, v. 65, p. 39-48, 2019. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1353802019302627. Acesso em: 15 dez. 2021.

UpToDate. Management of nonmotor symptoms in Parkinson disease. Informação atualizada em 14 de setembro de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 20 dez. 2021.

UpToDate. Initial pharmacologic treatment of Parkinson disease. Informação atualizada em 27 de abril de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 22 dez. 2021.

UpToDate. Medical management of motor fluctuations and dyskinesia in Parkinson disease. Informação atualizada em 30 de setembro de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 22 dez. 2021.

Autor do resumo:
Aluno Gustavo José Miranda da Cunha
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Revisor do resumo: 
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.


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