sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Quais os riscos de usar plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos sem orientação médica?

O uso indiscriminado de plantas medicinais e fitoterápicos pode levar a problemas cardíacos, psiquiátricos e gastrointestinais, além de interações medicamentosas que trazem riscos à saúde.

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Apesar das plantas medicinais e os medicamentos fitoterápicos serem considerados por muitos brasileiros como algo saudável, natural e sem riscos, o uso delas sem orientação médica pode ser perigoso para a saúde. Por exemplo, estudos clínicos indicam que o uso de efedrina com cafeína foi associado a problemas cardíacos (como arritmias e infarto do miocárdio), acidente vascular cerebral, além de apresentar um aumento na probabilidade de adquirir problemas psiquiátricos e gastrointestinais. Além disso, plantas que contém alcalóides pirrolizidínicos (como a piperazina), podem levar a problemas no fígado, necrose e cirrose, por conta do acúmulo de resíduos tóxicos que esses elementos geram no corpo. Outros efeitos colaterais que podem ser associados com uso de algumas plantas medicinais são: anorexia, depressão, psicose, problemas com o rim e tumores. Há um grande mito na população brasileira que quanto mais ingerir remédios medicinais, maior a chance de cura ou melhora, o que acaba levando a um uso de doses muito grandes de alguns medicamentos, sem consulta médica. Isso pode ser prejudicial por conta da quantidade de princípios ativos (moléculas da planta com efeito no corpo humano) ingeridos, levando aos efeitos colaterais. Outro ponto importante é sobre a qualidade das plantas usadas. O uso sem receita pode levar as pessoas a comprarem plantas medicinais em locais não confiáveis, sem um controle de qualidade efetivo, o que pode gerar problemas. Um deles é a presença de metais pesados, compostos altamente tóxicos, na composição dos medicamentos naturais. Além disso, o uso de plantas medicinais e fitoterápicos também pode levar a interação com outros medicamentos consumidos pela pessoa, diminuindo ou ampliando o efeito desses. Por exemplo, a planta medicinal Gingko biloba, tem funções antiplaquetárias e antitrombóticas, tendo o potencial de interagir com anticoagulantes como Varfarina e Dipirona. Essa interação pode levar a um aumento no risco de hemorragia espontânea e sangramentos. Sem orientação médica, a pessoa pode, também, usar plantas e remédios fitoterápicos que não são adequados para os sintomas que apresenta, o que pode gerar efeitos colaterais e piora dos sintomas. Algumas recomendações importantes para o uso de plantas medicinais e fitoterápicos são antes de usá-los: buscar sempre informações com profissionais de saúde; informar ao médico reações desagradáveis e efeitos colaterais dessas plantas e medicamentos; tomar cuidados especiais quando se é gestante, mulher amamentando, crianças e idosos; adquirir os fitoterápicos somente em farmácias e drogarias autorizadas pela vigilância sanitária; seguir a bula; observar a validade; e desconfiar de produtos que oferecem curas milagrosas.

Referências: 
UpToDate. Overview of herbal medicine and dietary supplements. Informação atualizada em Outubro de 2021. Disponível em: https://www.uptodate.com/. Acesso em: 29 jan. 2022.

Dias, E. Trevisan, D. Nagai, S. Ramos, N. Silva, E. Uso de fitoterápicos e potenciais riscos de interações medicamentosas: reflexões para prática segura. Revista Baiana de Saúde Pública, vl. 41, n. 2, p. 297-307, 2017. Disponível em: https://rbsp.sesab.ba.gov.br/index.php/rbsp/article/view/2306/2237. Acesso em: 29 jan. 2022.

Autor do resumo:
Aluno Victor Villatoro Carrapato
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Revisor do resumo: 
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.



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