sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Quais são os níveis do transtorno do espectro autista?

O nível de gravidade do transtorno do espectro autista pode ser definido como leve, moderado ou severo e reflete a necessidade de suporte que a pessoa precisa.
*** 
A pessoa com transtorno do espectro do autismo (TEA) pode apresentar déficits na comunicação e interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades. Os sinais e sintomas do TEA podem variar muito entre as pessoas. A classificação do TEA em 3 níveis de gravidade é definida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição (DSM-V). Outras classificações, como a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde, 10 (CID-10) ou 11 (CID-11), usam nomes diferentes para classificar o TEA. De acordo com o DSM-V, o nível de gravidade do transtorno do espectro autista reflete a necessidade de suporte que a pessoa precisa, podendo ser caracterizado como nível 1 (leve: exige apoio), nível 2 (moderado: exige apoio significativo) ou nível 3 (severo: exige muito apoio significativo). O nível de gravidade do TEA pode variar de acordo com o contexto da pessoa (como casa e escola) e com o tempo. A gravidade do TEA é avaliada em relação à comunicação/interação social e aos comportamentos repetitivos/restritos separadamente. Uma criança com nível moderado na comunicação/interação social pode ter nível leve em relação ao comportamento repetitivo/restritivo e vice-versa. Comprometimento leve da comunicação e interação social reflete uma perda perceptível quando não há suporte, apresentando-se com dificuldade em iniciar interações sociais, com redução do interesse por interações sociais e tentativas malsucedidas ou estranhas de fazer amizade. O comprometimento moderado da comunicação e interação social refere-se a déficits acentuados na comunicação, apresentando-se com pouca abertura social e dificuldade importante em iniciar uma interação social. O comprometimento severo da comunicação e interesse social refere-se a pessoas com dificuldades muito graves nas interações sociais mesmo com suporte, podendo se comunicar com palavras repetidas sem sentido aparente ou sons incompreensíveis, realizar apenas gestos (sem falar) ou, em casos mais intensos, não se comunicar de nenhuma maneira. Em relação ao comportamento repetitivo/restrito, o nível leve refere-se a pessoas com uma menor independência, dificuldade em alternar entre as atividades e presença de interesses específicos (por exemplo, trens ou dinossauros) exacerbados que atrapalham em outras atividades e gera frustração quando o assunto de interesse é afastado da pessoa. O nível moderado de comportamento repetitivo/restrito reflete comportamentos que interferem na função da pessoa, com inflexibilidade, comportamentos frequentes percebidos por pessoas desconhecidas e com dificuldade ou angústia em mudar o foco. Comportamento repetido/restrito de nível severo interfere importantemente em todas as funções da pessoa, com extrema dificuldade em lidar com mudança e grande aflição em mudar seu foco, podendo englobar comportamentos de balançar ou girar o corpo ou objetivos, observar as mãos e objetos de perto, cheirar ou morder objetos e rotinas rígidas durante brincadeiras ou tarefas que interferem em atividades como socialização. Pessoas com suspeita de TEA devem passar por uma avaliação detalhada realizada por um especialista (por exemplo, psiquiatras e neurologistas infantis) para realizar o diagnóstico de TEA e definir sua gravidade e condições associadas (como comprometimento intelectual e/ou da linguagem).

Referências: 
UpToDate. Autism spectrum disorder: evaluation and diagnosis. Informação atualizada em 8 de julho de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 24 jan. 2022.

UpToDate. Autism spectrum disorder: clinical features. Informação atualizada em 2 de agosto de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 24 jan. 2022.

American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 5ª Edição (DSM-5). Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento et. al. Porto Alegre: Artmed, 2014, p. 50-59.

Instituto Federal da Paraíba. Níveis do transtorno do espectro autista. Fique por Dentro, 1 set. 2020. Disponível em: https://www.ifpb.edu.br/assuntos/fique-por-dentro/niveis-do-transtorno-do-espectro-autista. Acesso em: 25 jan. 2022.

Autor do resumo:
Aluno Gustavo José Miranda da Cunha
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Revisor do resumo: 
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Clique AQUI para avaliar esta informação!

Sua opinião nos ajuda a melhorar nosso trabalho.