Um aumento na taxa de partos prematuros e partos cesáreos está relacionado à Covid-19. A cada 100 bebês de mães com Covid-19, 3 estão infectados pelo novo coronavírus.
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Embora o curso da infecção em mulheres grávidas seja semelhante ao de pessoas não grávidas, as gestantes com Covid-19 possuem risco aumentado de apresentarem complicações. Até o presente momento, acredita-se que a Covid-19 não aumenta a taxa de abortos espontâneos. Infelizmente, já foram relatadas diversas mortes de mulheres gestantes por complicações cardiopulmonares decorrente da Covid-19, mesmo em gestantes sem comorbidades (ou seja, sem outras doenças, como diabetes). Nesses casos, pode haver também a morte do feto que ainda não teve tempo suficiente para se desenvolver adequadamente. A presença de febre e hipoxemia (diminuição da quantidade de oxigênio no sangue), ocasionadas pela Covid-19, relacionam-se a complicações na gestação. Gestantes infectadas pela coronavírus causador da Covid-19 possuem aumento do risco de trabalho de parto prematuro e outros problemas durante o parto. Foi observado que muitas gestantes, no terceiro trimestre da gestação, com Covid-19 grave foram submetidas à cesárea eletiva, devido à crença de que o parto melhoraria a situação materna. Porém, os estudos realizados até o momento não conseguiram verificar benefício na realização da cesárea eletiva. A realização de parto cesáreo ocorre em muitos casos antes das 37 semanas de vida (portanto, trata-se de um parto prematuro), sendo então a cesárea responsável por mais partos prematuros do que a própria Covid-19. Cerca de 19 a cada 20 recém-nascidos estão em boas condições de saúde ao nascer. As complicações neonatais relacionam-se ao nascimento prematuro e gestantes que estavam em estado crítico. Cerca de 3 a cada 100 recém-nascidos, filhos de mães infectadas, infectam-se também pelo novo coronavírus. Acredita-se que a maioria dessas infecções decorra do contato das mães ou outros cuidadores com Covid-19 com os recém-nascidos após o parto (e não durante ou antes do parto). Quando os recém-nascidos não apresentam nenhum outro problema além da infecção pelo coronavírus, a Covid-19 normalmente é apenas leve ou assintomática e a recuperação do bebê costuma ser boa. Porém, ainda há muito o que se conhecer sobre a transmissão da mãe para o filho da Covid-19 e a importância clínica dessa transmissão.
Referências:
Uptodate. Berghella, Vincenzo. Coronavirus disease 2019: pregnancy issues. Informação atualizada em: 28 ago. 2020. Disponível em: http://www.sibi.usp.br/. Acesso em: 30 ago. 2020.
Autor do resumo:
Gustavo José Miranda da Cunha
Revisor do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Observação:
Geralmente, o Projeto Fale com o Dr. Risadinha busca informações com alto nível de evidência científica para fornecer respostas seguras e confiáveis ao seu público. Mas por se tratar de assunto novo, muitas informações sobre coronavírus e COVID-19 são opiniões de especialistas, carecendo de mais estudos científicos que as comprovem.