Algumas crianças com paralisia cerebral e que não andaram na idade esperada podem andar com o passar dos anos, sendo importante avaliar o progresso da criança ao longo do tempo.
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A paralisia cerebral refere-se a problemas na função motora de modo permanente, ou seja, por toda a vida, mas que, quase sempre, não piora com a idade. Esses problemas afetam o tônus muscular (contração do músculo em repouso), a postura e/ou o movimento. O comprometimento motor geralmente resulta em limitações na capacidade da criança para realizar as atividades do dia a dia, como falar, comer, andar e ter independência. Algumas crianças com paralisia cerebral e que não andaram na idade esperada podem andar com o passar dos anos. As crianças que possuem maiores chances de desenvolver a caminhada a longo prazo são aquelas que conseguem estar sentadas sozinhas aos 2 anos, não possuem deficiência visual, não possuem deficiência intelectual, e não apresentam epilepsia ou convulsões. Cerca de 3 a cada 10 crianças com paralisia cerebral e que não andam aos 2 anos poderão conseguir andar (com ou sem apoio) aos 6 anos de idade. Existem curvas de desenvolvimento motor que podem ajudar a prever a velocidade e o quanto a criança irá se desenvolver com base na sua idade e no nível atual de função motora. A maior parte do desenvolvimento das crianças ocorre nos primeiros anos de vida. Após os 6 anos de idade, o desenvolvimento tende a ficar mais lento. Ou seja, nos primeiros anos de vida, a maioria das crianças terão maiores chances de andar. Porém, é importante ressaltar que cada criança é diferente,havendo diferenças importantes entre elas. Assim, é preciso avaliar o progresso da criança ao longo do tempo, manter o tratamento adequado e dar continuidade ao tratamento, o qual pode demandar medicamentos, nutrição específica, fisioterapia, terapia ocupacional, equipamentos especiais (como suportes para pernas e cadeiras de rodas) e, eventualmente, cirurgias. Atualmente, há diversos dispositivos tecnológicos (como cadeira de rodas elétrica) que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das crianças com paralisia cerebral. O objetivo do tratamento é aumentar a independência da criança e sua capacidade para a realização de atividades como falar, comer, andar e se vestir.
Referências:
UpToDate. Cerebral palsy: overview of management and prognosis. Informação atualizada em 1 de dezembro de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 4 fev. 2022.UpToDate. Cerebral palsy: treatment of spasticity, dystonia, and associated orthopedic issues. Informação atualizada em 25 de fevereiro de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 4 fev. 2022.
UpToDate. Patient education: cerebral palsy. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 4 fev. 2022.
Wu, Yvonne W et al. Prognosis for ambulation in cerebral palsy: a population-based study. Pediatrics, novembro de 2004; 114 (5): 1264-1271, 2004. Disponível em: https://publications.aap.org/pediatrics/article/114/5/1264/67698/Prognosis-for-Ambulation-in-Cerebral-Palsy-A. Acesso em: 4 fev. 2022.
Keeratisiroj, Orawan et al. Prognostic predictors for ambulation in children with cerebral palsy: a systematic review and meta-analysis of observational studies.” Disability and rehabilitation, v. 40, n. 2, p. 135-143, 2018.. doi:10.1080/09638288.2016.1250119
Autor do resumo:
Aluno Gustavo José Miranda da Cunha
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Revisor do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.