terça-feira, 14 de junho de 2022

Como e quando conversar com meu filho sobre sexualidade?

Conversas sobre sexualidade devem ocorrer desde os primeiros anos de vida, dosando a linguagem e o conteúdo de acordo com a fase do desenvolvimento da criança.
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Conversas sobre sexualidade devem ocorrer desde os primeiros anos de vida, dosando a linguagem e o conteúdo de acordo com a fase do desenvolvimento da criança. O termo sexualidade não se refere somente a sexo, mas também engloba afeto, relacionamentos e identidade. Portanto, a sexualidade está presente em todos os indivíduos desde sua origem e evolui com o passar dos anos. As crianças mais novas aprendem principalmente observando os adultos, inclusive seus tabus. Recomenda-se que os pais estejam atentos às necessidades e dificuldades das crianças para criar um vínculo capaz de oferecer suporte honesto e respostas adequadas para as dúvidas das crianças. O suporte e esclarecimentos ajudam as crianças a saber o que querem e não querem e comunicarem sobre o assunto. Recomenda-se que os pais tenham com seus filhos uma comunicação contínua sobre sexualidade em casa. Ou seja, a educação sexual deve ocorrer ao longo de toda a criação do filho, ao invés de ser resumida a uma longa e genérica conversa quando os filhos entram na puberdade. Por exemplo, a utilização dos nomes corretos dos órgãos genitais (pênis, testículos, vulva e vagina) durante o dia-a-dia e na hora do banho faz parte da educação sexual de crianças. Apelidos como “pepeca” ou “pipi” podem ser utilizados, mas é importante que as crianças conheçam os nomes corretos. É normal que crianças pequenas busquem explorar seu corpo. Inclusive, é comum que crianças pequenas acabem se masturbando, porém, de modo quase aleatório e inconsciente, sem a malícia dos adultos. Quando crianças pequenas exploram seu corpo em momentos inadequados (por exemplo, toquem seu órgão genital durante um almoço em público), recomenda-se que os pais não a repreendam (não dê broncas), mas sim busquem mudar o foco de atenção da criança (para uma brincadeira, por exemplo). A partir dos 3 anos, a criação de regras, como não mostrar os órgãos genitais na presença de desconhecidos, também podem ajudar. Eventuais perguntas sobre amor e sexo devem ser respondidas com respostas simples, sem fornecer informações além do que a criança é capaz de entender. Responder a criança com a pergunta “Como você acha que é?” ajuda a construir uma resposta compatível com a compreensão da criança naquele momento. Entre os 6 e 8 anos, livros infantis ilustrativos podem ajudar a explicar a reprodução humana e puberdade para as crianças. Explicar para as crianças o que é um “toque ruim” e que ela deva comunicar quando não gostar de um toque também pode ajudar na educação sexual e na prevenção de abusos sexuais. Após os 8 anos, é importante iniciar um diálogo sobre regras ao usar a Internet, sobre conversar com estranhos e sobre compartilhamento de fotos e vídeos. A instalação de filtros nos aparelhos digitais para conteúdo inapropriado (como pornografia) podem ser úteis. A partir dos 11 anos, podem ser abordados assuntos como camisinha e métodos contraceptivos, tanto pelos pais quanto pela escola. A educação sexual não tem como objetivo erotizar ou incentivar a iniciação sexual precoce. Inclusive, a instituição de programas de educação sexual de qualidade leva os jovens a perder a virgindade mais tarde, reduzir o número de parceiros e usar mais camisinha. Quando os pais não fornecem informações adequadas para as crianças, abrem espaço para que outras fontes se tornem os instrutores de seus filhos. Crianças desinformadas correm mais riscos de sofrer com violência sexual, gravidez não planejada e infecções sexualmente transmissíveis.

Referências: 
UNESCO. International technical guidance on sexuality education. Paris: UNESCO, 2018. Disponível em: https://cdn.who.int/media/docs/default-source/reproductive-health/sexual-health/international-technical-guidance-on-sexuality-education.pdf?sfvrsn=10113efc_29&download=true. Acesso em: 1 jun. 2022.

ZIEMKIEWICZ, Nathalia. Como falar sobre sexualidade com seu filho. Crescer, p. 28-34, 7 maio 2019. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Revista_Crescer__marco__Sexualidade.pdf. Acesso em: 1 jun. 2022.

PADILLA-WALKER, Laura M. Longitudinal change in parent-adolescent communication about sexuality. Journal of Adolescent Health, v. 63, n. 6, p. 753-758, dez. 2018. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1054139X18302842?via%3Dihub. Acesso em: 1 jun. 2022.

WAKLEY, Gill. Helping parents with sex education. The Journal of Family Health Care, v. 21, n. 2, p. 30-33, março-abril 2011. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21678785/. Acesso em: 1 jun. 2022.

Autor do resumo:
Aluno Gustavo José Miranda da Cunha
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Revisor do resumo: 
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

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