Meltdown e shutdown são fenômenos que ocorrem após uma pessoa com transtorno do espectro autista (TEA) ser submetida a um alto nível de estresse.
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O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição complexa que afeta a forma como a pessoa interage com o mundo, interferindo, por exemplo, na comunicação, padrões de comportamento, interação social, formas de aprendizagem e compreensão do que acontece ao seu redor. Diversas situações cotidianas podem acabar despertando um alto nível de estresse para uma pessoa com TEA, desencadeando assim o que conhecemos como “meltdown” e “shutdown”. Exemplos de situações em que isso pode acontecer são: grandes mudanças na rotina do autista, sobrecarga sensorial e sobrecarga social. O estresse elevado pode desencadear então um “meltdown”, que é quando o autista se sente extremamente sobrecarregado, acompanhado por uma perda de controle sobre si mesmo, estresse acumulado e um alto nível de ansiedade. Nesses momentos, a pessoa pode acabar se tornando agressiva, caracterizando uma crise “explosiva”. Outra forma que os pacientes com TEA encontram para lidar com o estresse elevado, é chamado de “shutdown”. É um fenômeno parecido com o meltdown, mas neste caso, a experiência vivida é muito mais interna. O indivíduo se “desliga” do que acontece ao seu redor e passa por momentos de intensa dor emocional. Existem níveis de shutdown. Ele pode ser leve e a pessoa ser capaz de andar e falar, mesmo que esteja no meio de uma crise, ou pode ser grave e a pessoa ficar completamente imobilizada, desconectada de seus membros. Em relação ao tratamento dessas crises, uma boa estratégia é tentar evitá-las, ou seja, não sobrecarregar uma pessoa com TEA, tanto do ponto de vista social como sensorial, evitando mudanças repentinas no cotidiano ou nos planos dos pacientes, reconhecendo quais são os desencadeantes dessas crises, de forma a interromper estes fenômenos antes que ocorram. Após iniciada a crise, as estratégias variam muito de indivíduo para indivíduo, alguns por exemplo gostam de ter um maior contato físico com familiares e isso os ajuda a melhorar, para outros, isso só piora. Deve-se então conhecer muito bem a pessoa e questionar sobre quais as medidas que a ajudam e quais medidas somente pioram a situação. Como o tratamento é muito individualizado, é indicado fazer um acompanhamento com médico e psicólogo, pois esses profissionais poderão auxiliar no melhor encaminhamento para essas situações.
Referências:
UpToDate. Autism spectrum disorder: clinical features. Informação atualizada em fevereiro de 2022. Disponível em: https://www.uptodate.com/. Acesso em: 23 mar. 2022.Phung, Jasmine et al. What I wish you knew: insights on burnout, inertia, meltdown, and shutdown from autistic youth. Frontiers in Psychology, v. 12, n. Nov., p.741421, 2021. doi:10.3389/fpsyg.2021.741421 Acesso em: 23 mar. 2022.
UpToDate. Autism spectrum disorder in children and adolescents: behavioral and educational interventions. Informação atualizada em fevereiro de 2022. Disponível em: https://www.uptodate.com/. Acesso em: 23 mar. 2022.
UpToDate. Autism spectrum disorder in children and adolescents: overview of management. Informação atualizada em Fevereiro de 2022. Disponível em: https://www.uptodate.com/. Acesso em: 23 mar. 2022.
Autor do resumo:
Aluna Valeska Lourenço BergaminCurso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Revisor do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.